Venda da Dudalina foi negociada durante dois anos

O controle acionário da Dudalina, de Blumenau, foi vendido para dois fundos americanos, o Warburg Pincus e o Advent International. Eles pagaram R$ 650 milhões por 72% do capital da empresa, que tem três marcas, sendo que a principal âncora é a Dudalina, com camisas femininas e masculinas. A venda, que é uma das maiores da história catarinense, foi fechada na última terça-feira à noite, após negociação que se estendeu por dois anos, de forma sigilosa. A informação já circulava nos meios políticso de SC desde o início da semana, mas o negócio só foi divulgado quando teve a aprovação do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica e os detalhes entre os herdeiros tinham sido devidamente acertados.

Segundo fonte ligada à família, o valor de mercado considerado para o negócio foi em torno de R$ 1 bilhão e a decisão de vender foi baseada em duas razões: os sócios com mais capital poderão expandir a marca no mundo de forma mais acelerada; e o desejo dos herdeiros, filhos do casal fundador, Adelina Hess e Duda Souza, darem continuidade a projetos próprios. Isto porque uma parte está com idade perto de 60 anos, já tem filhos e netos, e tem suas empresas para tocar. Entre as cláusulas do acordo foi acertada a continuidade da presidente Sônia Hess de Souza à frente da companhia por período de três a cinco anos, para consolidar a cultura junto a novos executivos. De acordo com a fonte, a razão da venda não foi falta de entendimento entre os 14 irmãos acionistas.

Com as marcas Dudalina, Individual e Base, a empresa vai fechar este ano com faturamento superior a R$ 500 milhões e ebitda próximo de 30%, bem acima da média do mercado. A companhia blumenauense alcançou valorização acelerada nos últimos três anos graças ao lançamento das camisas femininas Dudalina e a crescente presença no varejo com lojas próprias. Outra característica diferente é que as lojas da companhia, especialmente em shoppings e aeroportos, são pequenas, com poucos metros quadrados, e alta receita, o que torna o negócio mais rentável. A intenção é continuar com esse modelo de franquia.

Dos 14 irmãos que estavam na sociedade, cinco vão continuar com participação no capital da empresa. Esta é uma forma, também, dos fundos americanos garantirem a continuidade da cultura da companhia, evitando queda de crescimento e mais dificuldades como ocorreu com outras marcas brasileiras vendidas nos últimos anos.

Continuidade e mais empregos

Com novo controlador, a meta da Dudalina é crescer mais rápido. Isso incluirá novos investimentos em marketing e, para atender maior demanda, a produção será ampliada, tanto em Santa Catarina, quanto no Paraná. A empresa tem quatro fábricas em Santa Catarina sediadas em Blumenau (matriz), Luiz Alves, Benedito Novo e Presidente Getúlio e a unidade paranaense no município de Terra Boa. Atualmente, a Dudalina oferece mais de 2 mil empregos diretos e serão abertas mais vagas com o aumento da produção. Segundo a fonte do blog, a confecção de camisas continuará no Brasil, apesar de a empresa ter fornecedores de tecidos também na Itália e Turquia. Com o propósito de fazer as melhores camisas do mundo, a companhia utiliza máquinas com as últimas tecnologias e dá ênfase ao design, com corte diferenciado para as linhas femininas. Apesar do maior valor agregado, o modo de atuação é semelhante ao fast fashion, com o lançamento de novos modelos e coleções semanalmente. Não raras vezes, estão disponíveis 300 modelos diferentes.

O plano de expansão no varejo segue forte. Atualmente são 93 lojas e a meta é alcançar 150 no médio prazo.

Entre as diversas entrevistas que Sônia Hess deu ao Diário Catarinense sobre a Dudalina, uma foi para o caderno Donna (foto), em março do ano passado, quando foi clicada pelo repórter fotográfico Ricardo Wolffenbüttel. Abaixo, Sônia com o marido João Miranda e a filha Tahiana BAltione (E) na inauguração da loja da Dudalina na Itália, em setembro de 2012.

Fonte: Click RBS.